Life, please!
Sinopse:
Alexis Rodrigues é uma rapariga que sofre nas mãos do padrasto!
Ela não tem amigos!
Ela sofre Bullying!
E há muito tempo que ela deixou de querer ser alguém!
Mas ao ir contra o rapaz mais cobiçado da escola, a vida de Alexis podia mudar!
E ao voltar a ter a pessoa mais importante consigo, Alexis poderia ser capaz de fazer amigos!
Sem ter medo do que lhes podia acontecer!
Mas o retorno do padrasto da Alexis poderia trazer o desespero da solidão de volta.
E em momentos de desespero, as pessoas fazem coisas que podem arrepender-se depois!
E é nesse momento que ele vai estar ao lado dela e nesses momentos tudo pode mudar entre eles!
Mas segredos e mistérios envolvem a vida da Alexis!
E o aparecimento de um homem irá fazer com que Alexis queira saber quem ele é!
E, talvez, o passaod dele volte!
E o final poderá ser aquele final que todos esperam? Ou, talvez, seja aquele final que ninguém esperava?
Ela não tem amigos!
Ela sofre Bullying!
E há muito tempo que ela deixou de querer ser alguém!
Mas ao ir contra o rapaz mais cobiçado da escola, a vida de Alexis podia mudar!
E ao voltar a ter a pessoa mais importante consigo, Alexis poderia ser capaz de fazer amigos!
Sem ter medo do que lhes podia acontecer!
Mas o retorno do padrasto da Alexis poderia trazer o desespero da solidão de volta.
E em momentos de desespero, as pessoas fazem coisas que podem arrepender-se depois!
E é nesse momento que ele vai estar ao lado dela e nesses momentos tudo pode mudar entre eles!
Mas segredos e mistérios envolvem a vida da Alexis!
E o aparecimento de um homem irá fazer com que Alexis queira saber quem ele é!
E, talvez, o passaod dele volte!
E o final poderá ser aquele final que todos esperam? Ou, talvez, seja aquele final que ninguém esperava?
Capitulo 1
Socos, pontapés, dor, sangue e a vontade de chorar eram coisas que eu própria já tinha-me habituado. Não interessava com que intensidade! Não interessava onde, na escola, em casa ou em qualquer outro lugar! Eu habituem-me a todas essas coisas porque não valia a pena fugir. Acontecia sempre!
-Pessoas como tu deviam desaparecer da face da Terra.
-Olha só pra ti, nem sequer para defenderes-te és capaz.
-Eu devia acabar contigo!
-Emily acaba com ela.
-Bem que eu queria diverti-me mais mas, o toque de entrada está quase a tocar.
Senti vontade rir e quando percebi-me, eu já tinha soltado a vontade de rir.
-Estas a rir do quê? Sua maldita.
-Da maneira inútil que vocês me batem. Eu já não importo-me, se querem saber, tudo o que acabaram de fazer a mim, não é nada. –disse mas logo arrependi-me de dizê-lo.
Emily avançou contra mim, agarrou nos meus cabelos e jogou-me a cabeça contra o enorme vidro que ficava encima dos lavatórios da cada de bano feminina, estilhaçando o vidro em pequenos bocados.
-Antes de abrires a boca, lembra-te com quem estas a falar. –Emily proferiu, largando os meus cabelos.
Acabo por cair no chão frio e sujo da casa de banho feminina e oiço-as rir.
-Vamos embora, Catarina. –ouvi Emily dizer.
-Sim. É o melhor para fazer-se. Acho que o ambiente já está demasiado infetado para continuarmos aqui. –as duas saíram da casa de banho gargalhando, venenosas como cobras.
Não levou muito tempo para o toque soar por toda a escola, mas em vez de levantar-me e ir para a sala, fiquei ali, sentada no chão sobre as minhas próprias pernas, com a testa a sangrar como outras partes do corpo que, ou estavam feridas, ou estavam doloridas e iam ficar com uma bela marca roxa.
Levei a mão esquerda à testa, onde os estilhaços de vidro tinham cortado, assim que toquei achei o corte num canto e senti o líquido vermelho descendo pela minha cara. Levantei-me do chão, apoiei-me no lavatório com as mãos e olhei para uma pequena parte do espelho que tinha ficado intacta e suspirei. Eu não estava nos meus dias!
A testa cortada, as bochechas vermelhas por causa das chapadas que Emily e Catariana tinham-me dado, o lábio cortado, o pescoço vermelho, os braços doloridos tal como as minhas pernas. Eu estava num estado lastimável!
Liguei a torneira e tirei todo o sangue do meu rosto o mais rápido que consegui, limpei a cara com uma toalha e corri para a minha mochila que estava jogada de qualquer maneira no chão. Tirei de lá duas ligaduras e enrolei uma em volta do meu pulso direito e a outra no meu cotovelo, pôs um penso-rápido no corte da testa. Arranjei o cabelo numa maneira que ninguém conseguisse ver o curativo na testa, peguei na mochila, pôs ela nas costas e saí da casa de banho.
Não havia ninguém nos corredores pois os alunos deviam estar nas salas de aula e os seguranças na rua enquanto os funcionários deviam estar a bilhardar num canto escondidos. Não me importei de estar a baldar-me a uma aula, mesmo que eu não gostasse de fazê-lo, mas não queria aparecer na sala com todas estas dores.
Saí da estrutura escolar e quando ia correr para longe da entrada, acabei por bater contra alguém com uma certa força que fomos os dois ao chão. Já não bastava eu ter apanhado em casa, tive que apanhar aqui, na escola, e ainda tinha de ir contra alguém.
O meu dia, como muitos outros, estava a ser do piorio! O bom é que não cai de rabo no chão e sim encima daquela criatura.
-Importas-te de sair de cima de mim? –ouvi uma voz masculina, grossa e fria perguntar. Olhei para cima e dei com os olhos com duas safiras azuis como o oceano mais limpo e iluminado, mas frio e solitário ao mesmo tempo, que já existiu na face da Terra.
-Desculpa! –pedi levantando-me de cima dele mas com enormes dores que fizeram-me ficar sentada no cão com as pernas cruzadas, ia custar-me a levantar.
-Vais ficar ai sentada?
-O que queres que eu faça? –questionei, levando as mãos ao topo da cabeça. –Estorva-te ao ver-me no chão? –perguntei ajeitando os cabelos tapando o penso-rápido na testa.
-O que é quê…
O rapaz à minha frente foi interrompido pela voz de Catariana que vinha na nossa direção mas não nos tinha notado.
-Ela já não está na casa de banho, Emily. –larguei um palavrão e tentei levantar-me mas a dor que senti não permitiu tal ato.
Foi naquele momento que o rapaz de olhos frios puxou-me para cima, inclinou-se para a frente, passou um dos braços por debaixo dos meus joelhos e o outro braço passou por debaixo do meu tronco, senti-me uma noiva ao ser carregada naquela forma, mas essa imaginação foi arrancada da minha cabeça pela dor do hematoma onde ele pôs a mão.
Soltei um gemido de dor e o rapaz começou a andar rápido para o outro lado da estrutura escolar, andou entre os corredores no mesmo passo rápido e silencioso, até abrir uma porta que eu conhecia muito bem. A enfermaria! Onde podemos dormir e descansar sem os professores darem-nos falta pois, Sara, a enfermeira que estava sempre ali, dava sempre uma justificação esfarrapada ou verdadeira aos professores. Era um amor de pessoa!
Aquele ser, que ainda não sabia o nome, como cavalheiro que poderia ser – repito – que poderia ser em vez de pousar-me delicadamente na cama fez o inverso, jogou-me na cama como se fosse um saco de batatas. Acabei por soltar mais um palavrão, gemer de dor e contorcer-me.
-Espera ai e não te atrevas a levantar. –ele mandou e fiquei irritada, porque eu não gosto que mandem em mim.
-Como é que é? –murmurei e quando ele ia abrir a porta do escritório, onde Sara costumava estar, ela abriu-se de repente antes do rapaz de cabelos loiros acastanhados abri-la.
-Eu bem que tinha ouvido a tua voz, Diogo. –Ela olhou de cima a baixo e ficou com uma expressão confusa da cara. –O que traz-te aqui? Não parece-me que estejas magoado ou maldisposto.
-Sem querer ser mal-educada mas, ele parece maldisposto todos os dias. –intrometi-me fazendo ambos olharem para mim, um confuso e outro mandava-me calar a boca com os olhos.
-Os dois conhecem-se? –Sara perguntou.
-Não! –respondi tentando levantar-me mas Diogo, acho que é esse o nome dele, empurrou-me outra vez para a cama.
-Ela tem um grande hematoma no lado direito das costelas, o cotovelo deve estar todo esfolado, o pulso deve ter alguma entorse e o que mais me preocupou até agora é o corte que ela tem na testa.
-Alex, voltaste a andar em brigas? –Sara perguntou andando até mim.
-Eu não sei do que estás pra ai a falar! –exclamei, revirando os olhos depois.
-Diogo podes ir para a tua aula. Eu cuido dela agora. –Sara mandou e o rapaz de olhos azuis frios não disse mais nada, saiu e fechou a porta.
Depois de Sara meter-me um monte de curativos, comada e água oxigenada por todos os meus ferimentos, pode ir ao resto das aulas e finalmente sair da escola. Mas eu não queria ir para casa! Eu ia ficar pior do que já estava!
Decidi não ir e tomei uma estrada diferente, iria para o consultório do psicólogo, não que estivesse a precisar de falar sobre a minha vida outra vez com ele mas o Dr. Morgado era a única pessoa com quem consigo conversar sem sofrer as consequências e sem ser criticada.
Entrei no prédio e depois no elevador e cliquei no botão 4. Não demorou muito tempo para as portas do elevador abrirem-se e eu estar dentro da sala de atendimento, tive que explicar à secretaria que não tinha hora marcada e que só queria falar com o Dr. Morgado.
-Alexis, o que te trás aqui? Ficaste algum tempo sem vires. –o homem de cabelos castanhos-escuros e olhos claros perguntou olhando para mim sentado num dos sofás onde eu fiz o favor de ocupar o outro à sua frente.
-Eu… -suspirei alto e joguei a cabeça para trás.
-Bullying? –ele diz, reviro os olhos e ele ri. –Esses ferimentos dizem tudo.
-Não é algo que já não esteja habituada.
-Foste aos Hospital?
-Enfermaria da escola. –respondi voltando a olhar para ele.
-Entendi. –Dr. Morgado disse cruzando os braço e analisou-me. –Podes explicar o que fazes aqui? Ou preferes conversar sobre outras coisas?
-Ele voltou a fazê-lo. –digo colocando a mão direita no grande hematoma que tinha na lateral direita do tronco, graças aquele cinto. –E eu não aguentei o desespero e fiz aquilo, outra vez.
Eu não precisava de dizer as palavras certas para que ele percebesse o que eu estava a dizer, ele sabia exatamente o que eu queria dizer. Ele sabia de tudo o que vinha a passar desde que a minha mãe morreu.
-Sabes que não deverias fazê-lo. Não vai adiantar de nada, só te trará mais dor e sofrimento.
-Eu sei! Mas ele não vai voltar a fazê-lo já que vai viajar e não tem data de regresso. Se fosse por mim, ele podia nunca mais voltar! –resmunguei a última frase antes de puxar os cabelos para trás pois estavam sempre a cair para a frente dos meus olhos.
-Vais ficar sozinha? –Dr. Morgado perguntou.
-Sim!
-Não queres ir lá para casa?
-Não! Os teus filhos não estão lá consigo? Então eu não quero interromper esse clima de família reunida e feliz. Acho que a minha presença ia estragar tudo. –ri sem humo e suspirei pesado. –Embora eu quisesse ficar longe daquela casa.
-As potas estarão sempre abertas. Alem de que, Adriana está com saudades das tuas visitas.
-Eu sei! Faz algum tempo que parei de visita-la. Mas também parei de visitar a Bárbara.
-Ela tem estado ocupada com o Hospital.
-E falando na Adriana, não sei porque ela está com saudades já que ela é uma professora da minha escola.
-Talvez tenhas razão. –Dr. Morgado disse sorrindo. –Já agora, eu queria apresentar-te os meus filhos, Alexis.
-Ah não, eu não gosto dessas coisas.
-Pensa bem! Talvez eles sejam bons amigos para ti. Talvez a tua vida mude se os conheceres.
-Eu não sei mas, prometo que vou pensar, tudo bem?
-Tudo bem, não vou forçar-te a nada.
-E eu agradeço por isso, muito! –sorri e levantei-me. –Já vou indo embora. Não tenho mais nada para-lhe dizer e deve ter pessoas a sua espera.
-Não queres ir lá jantar?
-Luís Fernando Cristóvão Sousa Morgado, pare de fazer-me querer ir e não voltar!
-Desculpa mas só com uma condição. –Dr. Morgado pronunciou-se e levantou-se também.
-Que condição? –pergunto curiosa e desconfiada.
-Que comeces a chamar-me de Luís e não de Dr. Ou Sr. Morgado, pode ser?
-Mas vai parecer que estou a ser mal-educada. –digo cruzando os braços.
-Não vai, porque eu quero que chames-me dessa maneira. –ele diz rindo.
-Muito bem, eu começo a trata-lo por tu, em vez de Senhor.
-Fico feliz então. Agora, eu levo-te à porta!
Peguei nas minhas coisas, respirei fundo e quando ia abrir a porta, ela abre-se mostrando a secretaria, Bianca, pedindo licença e olhou para o Luís.
-Dr. Morgado, Tiago e Ricardo estão aqui e querem falar com o senhor.
-Mande-os entrar. –Bianca concordou com a cabeça e antes de ela fechar a porta tentei fugir dali mas Luís não deixou. –Fica aqui, Alexis!
-Está bem! –virei-me para os sofás, joguei a minha mochila para uma cadeira e sentei-me no mesmo sofá que tinha sentado antes.
-Desculpa por aparecermos sem avisar, pai.
Por momentos aquela voz pareceu-me familiar mas quando olhei para o rapaz que tinha falado reparei que ele era totalmente diferente, exceto os olhos azuis como o mais puro oceano embora olhos dele eram mais alegre. Diogo tinha cabelos loiros acastanhados, a sua feição era fria, indiferente, sombria e não parecia importar-se com ninguém enquanto aquele que falara era, possivelmente, o oposto! Tinha cabelos castanhos, olhos azuis, moreno e tinha um sorriso que aquecia o coração de qualquer um. Parecia alegre, feliz da vida, gentil e amigável, tudo ao contrário do Diogo.
-Não te preocupes, não interrompeste nada, Tiago.
-Eu nem sequer queria vir. O Tiago é que forçou-me a vir. Quem teve sorte foi o Diogo que conseguiu escapulir, aquele desgraçado, loiro mal feito de uma figa.
-Loiro? Mal feito? Desgraçado? Diogo? –perguntei-me mentalmente. –Espera, não me digas que o Diogo é um dos filhos do Luís e da Adriana. –pensei para mim mesma quase dando-me um chilique.
-Ricardo, por amor de deus, olha-me essa boca. –Luís ralhou ao ver como o próprio filho tinha falado do outro seu filho.
-Mas o senhor disse que não estava ocupado então porque tem uma rapariga aqui? –Tiago perguntou, acho que era ele já que Ricardo era parecidíssimo com ele.
-Ah não, eu só vim fazer uma visita. Eu vou-me embora! Adeus!
Saí do consultório que nem um furacão, passei pela Bianca e disse-lhe um “Boa tarde” e sai do edifício o mais rápido que as minha pernas deixaram.
-Pessoas como tu deviam desaparecer da face da Terra.
-Olha só pra ti, nem sequer para defenderes-te és capaz.
-Eu devia acabar contigo!
-Emily acaba com ela.
-Bem que eu queria diverti-me mais mas, o toque de entrada está quase a tocar.
Senti vontade rir e quando percebi-me, eu já tinha soltado a vontade de rir.
-Estas a rir do quê? Sua maldita.
-Da maneira inútil que vocês me batem. Eu já não importo-me, se querem saber, tudo o que acabaram de fazer a mim, não é nada. –disse mas logo arrependi-me de dizê-lo.
Emily avançou contra mim, agarrou nos meus cabelos e jogou-me a cabeça contra o enorme vidro que ficava encima dos lavatórios da cada de bano feminina, estilhaçando o vidro em pequenos bocados.
-Antes de abrires a boca, lembra-te com quem estas a falar. –Emily proferiu, largando os meus cabelos.
Acabo por cair no chão frio e sujo da casa de banho feminina e oiço-as rir.
-Vamos embora, Catarina. –ouvi Emily dizer.
-Sim. É o melhor para fazer-se. Acho que o ambiente já está demasiado infetado para continuarmos aqui. –as duas saíram da casa de banho gargalhando, venenosas como cobras.
Não levou muito tempo para o toque soar por toda a escola, mas em vez de levantar-me e ir para a sala, fiquei ali, sentada no chão sobre as minhas próprias pernas, com a testa a sangrar como outras partes do corpo que, ou estavam feridas, ou estavam doloridas e iam ficar com uma bela marca roxa.
Levei a mão esquerda à testa, onde os estilhaços de vidro tinham cortado, assim que toquei achei o corte num canto e senti o líquido vermelho descendo pela minha cara. Levantei-me do chão, apoiei-me no lavatório com as mãos e olhei para uma pequena parte do espelho que tinha ficado intacta e suspirei. Eu não estava nos meus dias!
A testa cortada, as bochechas vermelhas por causa das chapadas que Emily e Catariana tinham-me dado, o lábio cortado, o pescoço vermelho, os braços doloridos tal como as minhas pernas. Eu estava num estado lastimável!
Liguei a torneira e tirei todo o sangue do meu rosto o mais rápido que consegui, limpei a cara com uma toalha e corri para a minha mochila que estava jogada de qualquer maneira no chão. Tirei de lá duas ligaduras e enrolei uma em volta do meu pulso direito e a outra no meu cotovelo, pôs um penso-rápido no corte da testa. Arranjei o cabelo numa maneira que ninguém conseguisse ver o curativo na testa, peguei na mochila, pôs ela nas costas e saí da casa de banho.
Não havia ninguém nos corredores pois os alunos deviam estar nas salas de aula e os seguranças na rua enquanto os funcionários deviam estar a bilhardar num canto escondidos. Não me importei de estar a baldar-me a uma aula, mesmo que eu não gostasse de fazê-lo, mas não queria aparecer na sala com todas estas dores.
Saí da estrutura escolar e quando ia correr para longe da entrada, acabei por bater contra alguém com uma certa força que fomos os dois ao chão. Já não bastava eu ter apanhado em casa, tive que apanhar aqui, na escola, e ainda tinha de ir contra alguém.
O meu dia, como muitos outros, estava a ser do piorio! O bom é que não cai de rabo no chão e sim encima daquela criatura.
-Importas-te de sair de cima de mim? –ouvi uma voz masculina, grossa e fria perguntar. Olhei para cima e dei com os olhos com duas safiras azuis como o oceano mais limpo e iluminado, mas frio e solitário ao mesmo tempo, que já existiu na face da Terra.
-Desculpa! –pedi levantando-me de cima dele mas com enormes dores que fizeram-me ficar sentada no cão com as pernas cruzadas, ia custar-me a levantar.
-Vais ficar ai sentada?
-O que queres que eu faça? –questionei, levando as mãos ao topo da cabeça. –Estorva-te ao ver-me no chão? –perguntei ajeitando os cabelos tapando o penso-rápido na testa.
-O que é quê…
O rapaz à minha frente foi interrompido pela voz de Catariana que vinha na nossa direção mas não nos tinha notado.
-Ela já não está na casa de banho, Emily. –larguei um palavrão e tentei levantar-me mas a dor que senti não permitiu tal ato.
Foi naquele momento que o rapaz de olhos frios puxou-me para cima, inclinou-se para a frente, passou um dos braços por debaixo dos meus joelhos e o outro braço passou por debaixo do meu tronco, senti-me uma noiva ao ser carregada naquela forma, mas essa imaginação foi arrancada da minha cabeça pela dor do hematoma onde ele pôs a mão.
Soltei um gemido de dor e o rapaz começou a andar rápido para o outro lado da estrutura escolar, andou entre os corredores no mesmo passo rápido e silencioso, até abrir uma porta que eu conhecia muito bem. A enfermaria! Onde podemos dormir e descansar sem os professores darem-nos falta pois, Sara, a enfermeira que estava sempre ali, dava sempre uma justificação esfarrapada ou verdadeira aos professores. Era um amor de pessoa!
Aquele ser, que ainda não sabia o nome, como cavalheiro que poderia ser – repito – que poderia ser em vez de pousar-me delicadamente na cama fez o inverso, jogou-me na cama como se fosse um saco de batatas. Acabei por soltar mais um palavrão, gemer de dor e contorcer-me.
-Espera ai e não te atrevas a levantar. –ele mandou e fiquei irritada, porque eu não gosto que mandem em mim.
-Como é que é? –murmurei e quando ele ia abrir a porta do escritório, onde Sara costumava estar, ela abriu-se de repente antes do rapaz de cabelos loiros acastanhados abri-la.
-Eu bem que tinha ouvido a tua voz, Diogo. –Ela olhou de cima a baixo e ficou com uma expressão confusa da cara. –O que traz-te aqui? Não parece-me que estejas magoado ou maldisposto.
-Sem querer ser mal-educada mas, ele parece maldisposto todos os dias. –intrometi-me fazendo ambos olharem para mim, um confuso e outro mandava-me calar a boca com os olhos.
-Os dois conhecem-se? –Sara perguntou.
-Não! –respondi tentando levantar-me mas Diogo, acho que é esse o nome dele, empurrou-me outra vez para a cama.
-Ela tem um grande hematoma no lado direito das costelas, o cotovelo deve estar todo esfolado, o pulso deve ter alguma entorse e o que mais me preocupou até agora é o corte que ela tem na testa.
-Alex, voltaste a andar em brigas? –Sara perguntou andando até mim.
-Eu não sei do que estás pra ai a falar! –exclamei, revirando os olhos depois.
-Diogo podes ir para a tua aula. Eu cuido dela agora. –Sara mandou e o rapaz de olhos azuis frios não disse mais nada, saiu e fechou a porta.
Depois de Sara meter-me um monte de curativos, comada e água oxigenada por todos os meus ferimentos, pode ir ao resto das aulas e finalmente sair da escola. Mas eu não queria ir para casa! Eu ia ficar pior do que já estava!
Decidi não ir e tomei uma estrada diferente, iria para o consultório do psicólogo, não que estivesse a precisar de falar sobre a minha vida outra vez com ele mas o Dr. Morgado era a única pessoa com quem consigo conversar sem sofrer as consequências e sem ser criticada.
Entrei no prédio e depois no elevador e cliquei no botão 4. Não demorou muito tempo para as portas do elevador abrirem-se e eu estar dentro da sala de atendimento, tive que explicar à secretaria que não tinha hora marcada e que só queria falar com o Dr. Morgado.
-Alexis, o que te trás aqui? Ficaste algum tempo sem vires. –o homem de cabelos castanhos-escuros e olhos claros perguntou olhando para mim sentado num dos sofás onde eu fiz o favor de ocupar o outro à sua frente.
-Eu… -suspirei alto e joguei a cabeça para trás.
-Bullying? –ele diz, reviro os olhos e ele ri. –Esses ferimentos dizem tudo.
-Não é algo que já não esteja habituada.
-Foste aos Hospital?
-Enfermaria da escola. –respondi voltando a olhar para ele.
-Entendi. –Dr. Morgado disse cruzando os braço e analisou-me. –Podes explicar o que fazes aqui? Ou preferes conversar sobre outras coisas?
-Ele voltou a fazê-lo. –digo colocando a mão direita no grande hematoma que tinha na lateral direita do tronco, graças aquele cinto. –E eu não aguentei o desespero e fiz aquilo, outra vez.
Eu não precisava de dizer as palavras certas para que ele percebesse o que eu estava a dizer, ele sabia exatamente o que eu queria dizer. Ele sabia de tudo o que vinha a passar desde que a minha mãe morreu.
-Sabes que não deverias fazê-lo. Não vai adiantar de nada, só te trará mais dor e sofrimento.
-Eu sei! Mas ele não vai voltar a fazê-lo já que vai viajar e não tem data de regresso. Se fosse por mim, ele podia nunca mais voltar! –resmunguei a última frase antes de puxar os cabelos para trás pois estavam sempre a cair para a frente dos meus olhos.
-Vais ficar sozinha? –Dr. Morgado perguntou.
-Sim!
-Não queres ir lá para casa?
-Não! Os teus filhos não estão lá consigo? Então eu não quero interromper esse clima de família reunida e feliz. Acho que a minha presença ia estragar tudo. –ri sem humo e suspirei pesado. –Embora eu quisesse ficar longe daquela casa.
-As potas estarão sempre abertas. Alem de que, Adriana está com saudades das tuas visitas.
-Eu sei! Faz algum tempo que parei de visita-la. Mas também parei de visitar a Bárbara.
-Ela tem estado ocupada com o Hospital.
-E falando na Adriana, não sei porque ela está com saudades já que ela é uma professora da minha escola.
-Talvez tenhas razão. –Dr. Morgado disse sorrindo. –Já agora, eu queria apresentar-te os meus filhos, Alexis.
-Ah não, eu não gosto dessas coisas.
-Pensa bem! Talvez eles sejam bons amigos para ti. Talvez a tua vida mude se os conheceres.
-Eu não sei mas, prometo que vou pensar, tudo bem?
-Tudo bem, não vou forçar-te a nada.
-E eu agradeço por isso, muito! –sorri e levantei-me. –Já vou indo embora. Não tenho mais nada para-lhe dizer e deve ter pessoas a sua espera.
-Não queres ir lá jantar?
-Luís Fernando Cristóvão Sousa Morgado, pare de fazer-me querer ir e não voltar!
-Desculpa mas só com uma condição. –Dr. Morgado pronunciou-se e levantou-se também.
-Que condição? –pergunto curiosa e desconfiada.
-Que comeces a chamar-me de Luís e não de Dr. Ou Sr. Morgado, pode ser?
-Mas vai parecer que estou a ser mal-educada. –digo cruzando os braços.
-Não vai, porque eu quero que chames-me dessa maneira. –ele diz rindo.
-Muito bem, eu começo a trata-lo por tu, em vez de Senhor.
-Fico feliz então. Agora, eu levo-te à porta!
Peguei nas minhas coisas, respirei fundo e quando ia abrir a porta, ela abre-se mostrando a secretaria, Bianca, pedindo licença e olhou para o Luís.
-Dr. Morgado, Tiago e Ricardo estão aqui e querem falar com o senhor.
-Mande-os entrar. –Bianca concordou com a cabeça e antes de ela fechar a porta tentei fugir dali mas Luís não deixou. –Fica aqui, Alexis!
-Está bem! –virei-me para os sofás, joguei a minha mochila para uma cadeira e sentei-me no mesmo sofá que tinha sentado antes.
-Desculpa por aparecermos sem avisar, pai.
Por momentos aquela voz pareceu-me familiar mas quando olhei para o rapaz que tinha falado reparei que ele era totalmente diferente, exceto os olhos azuis como o mais puro oceano embora olhos dele eram mais alegre. Diogo tinha cabelos loiros acastanhados, a sua feição era fria, indiferente, sombria e não parecia importar-se com ninguém enquanto aquele que falara era, possivelmente, o oposto! Tinha cabelos castanhos, olhos azuis, moreno e tinha um sorriso que aquecia o coração de qualquer um. Parecia alegre, feliz da vida, gentil e amigável, tudo ao contrário do Diogo.
-Não te preocupes, não interrompeste nada, Tiago.
-Eu nem sequer queria vir. O Tiago é que forçou-me a vir. Quem teve sorte foi o Diogo que conseguiu escapulir, aquele desgraçado, loiro mal feito de uma figa.
-Loiro? Mal feito? Desgraçado? Diogo? –perguntei-me mentalmente. –Espera, não me digas que o Diogo é um dos filhos do Luís e da Adriana. –pensei para mim mesma quase dando-me um chilique.
-Ricardo, por amor de deus, olha-me essa boca. –Luís ralhou ao ver como o próprio filho tinha falado do outro seu filho.
-Mas o senhor disse que não estava ocupado então porque tem uma rapariga aqui? –Tiago perguntou, acho que era ele já que Ricardo era parecidíssimo com ele.
-Ah não, eu só vim fazer uma visita. Eu vou-me embora! Adeus!
Saí do consultório que nem um furacão, passei pela Bianca e disse-lhe um “Boa tarde” e sai do edifício o mais rápido que as minha pernas deixaram.